Tolerância religiosa no local de trabalho: criando um ambiente diverso e produtivo. (por Vagner Ìgbínlàfán)
Luis Otávio
21/01/2022
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É notório que nos últimos tempos, muitas empresas vêm implementando políticas internas que buscam promover um ambiente mais inclusivo, diverso, plural e, como consequência desse movimento, um ambiente de trabalho bem mais produtivo. É comum observarmos um esforço das mais diversas corporações em trazer à tona, as pautas raciais, de gênero, LGBTQIAP+ e PCD 's. Entretanto, a realidade mostra que o preconceito ainda existe quando se trata de tocarmos nas esferas que representam a diversidade presente na religiosidade.
Apesar de estarmos caminhando para um futuro ainda mais plural dentro das empresas, a tolerância à diversidade religiosa não é algo que é possível observar dentro das mesmas. E quando falamos dessa diversidade religiosa, observamos os mais variados costumes que ocorrem em razão de crenças religiosas, como por exemplo:
Restrições alimentares
Limitações de horário,
O uso de acessórios como guias,
Fios de conta, rituais individuais que possam ser feitos durante o dia, etc.
Porém, essas questões quase sempre são motivos de chacota, olhares, comentários e até ofensas.
E aqui cabe falar de uma problemática que se insere quando essa diversidade não é respeitada ou violada: para não sofrerem preconceitos e represálias, muitas pessoas ao adentrarem em um novo ambiente de trabalho, acabam abandonando seus ritos para não correr o risco de sua prática religiosa ser um gerador de diferenciação entre ela e os seus colegas.
Ao colocarmos a pauta da tolerância religiosa em nosso dia a dia, não permitimos que seja reforçado esse ideal do senso comum de que não se fala de religião por ser "algo de cada um", quando na verdade o que observamos é o preconceito escancarado que torna o ambiente de trabalho um local desfavorável para o desenvolvimento do indivíduo e é responsável por justificar o afastamento de pessoas das suas práticas religiosas. Por ser uma pauta emergente na sociedade que ora vem sendo amplamente fortalecida pelos meios de comunicação (principalmente a internet), é necessário ampliar a cultura corporativa que promove a diversidade além das questões de gênero, racial, orientação sexual, deficiência e tantas outras questões.
Vale lembrar que o que se espera não só das empresas, mas da sociedade como um todo, é a afirmativa que está presente na Constituição Federal de 1988 (que tutela a liberdade de consciência e de crença, art 5º, VI). De fato, precisamos vencer muitas barreiras principalmente a dificuldade de viver em um país que declara abertamente sua quizila a religiosos dos mais diversos credos que escapolem da visão cristã. Ações educativas que busquem elucidar a diversidade religiosa e cultural no Brasil, sem dúvidas é o caminho inicial para construir um ambiente diverso, produtivo e favorável ao desenvolvimento do indivíduo, independente de que inserção religiosa ele se encontre.
Vamos juntos nessa missão? :)
Vagner Ìgbínlàfán, Marketeiro por amor, Publicitário por devoção. Candomblecista filho de Oxalá e devoto de Exu, Ìgbínlàfán não se poupa quando o assunto é espiritualidade. De gosto musical refinadamente duvidoso, tem santo forte e às vezes manja dos paranauês.
Luis Otávio
Luis é natural do Rio de Janeiro, tem 30 anos e atua na cena carioca das festas com sua personagem Onírica. Artista, web designer e produtor cultural, nas horas vagas ta sempre no mato buscando paz e encontrou na yoga um ponto de encontro com o equilíbrio e o bem estar.